O DJ e produtor francês, atualmente radicado em Berlim, Alexkid, que apresenta no subsolo do Teatro Dulcina no próximo sábado (11), na festa apresentada pela Crunchy Music, concedeu entrevista exclusiva para a DotMag, onde fala sobre gravadoras, cena eletrônica francesa, vinil, música digital e panorama atual da eletrônica mundial. Confira.
DotMag - Você já tem uma grande experiência como produtor e lançou faixas e remixes por diversos selos. Com esta fase da música eletrônica com foco em lançamentos digitais, você acredita que ainda há um grande espaço para o mercado de vinis?
Alexkid - Eu acho que ainda há espaço para os vinis, pois muita coisa boa só é encontrada em vinil. Quando um selo lança nesse formato, eles realmente querem lançar sua faixa, pois isso custa dinheiro para eles e eles têm que ser exigentes ao escolher quem ou que lançar. Existem também alguns selos que lançam somente em vinil. É legal ter faixas exclusivas, que são lançadas em pequenas quantidades. Eu gosto do objeto. Tinha vários discos, mas tive que vender a maioria da minha coleção quando me mudei para Berlim. Agora eu compro a maioria digital, pois é conveniente, e também me permite usar uma certa tecnologia que aprimora meu DJing. Novas tecnologias no DJing não deveriam existir para as pessoas simplesmente sincar (sync) suas faixas, tornando o trabalho de DJ mais fácil, mas sim para possibilitar o uso de loops ou cue points, o que inspira uma criatividade extra. Existe o lado positivo e negativo para tudo.
DotMag - Ouve uma explosão de nomes franceses na música eletrônica em um período como Laurent Garnier, Daft Punk, Cassius, Youngsters, entre outros. Mas sabemos que há muitos outros grandes nomes que fazem bons trabalhos. O que há de mais interessante sendo feito hoje por lá?
Alexkid - Eu acho que a música francesa é muito interessante em algum ponto, mas há também muito lixo e coisas que não tem a ver comigo. Muita música francesa que está em evidência agora não tem apelo para mim. Por sorte, existem selos como Deeply Rooted House, Versatile, ou às vezes Real Tone, que lançam coisas legais. O próximo EP da Deeply Rooted House é do Marcelus. Ele tem 24 anos e ele sabe fazer techno. É como se ele tivesse absorvido Basic Channel e Transmat, fazendo um excelente techno. Isso é interessante para mim, mais do que qualquer outra faixa super-distorcida para crianças.
DotMag - Qual seu conhecimento sobre o trabalho de produtores e DJs brasileiros? Existem nomes que você citaria como a serem observados sempre ou atualmente?
Alexkid - Eu acompanhei mais brasileiros a anos atrás, mas eu perdi contato, para ser honesto. Eu sei que o Talking Props está fazendo coisas interessantes no momento, menos pesadas que várias outras produções brasileiras que eu conheço. Eu acho que é um lado interessante a se seguir.
DotMag - A música eletrônica, obviamente, muda o tempo todo como qualquer outra. Temos uma diferença bem distinta entre música underground e mainstream. Você classifica como underground algo que seja bom e mainstream o que é considerado ruim?
Alexkid - Existe lixo underground e música boa no mainstream. Eu acho que há música boa e ruim. Eu gosto de diversas coisas, e eu sempre tento achar boas faixas. Existe techno bom, techno ruim, minimal de merda, minimal brilhante (às vezes), excelentes houses e também formulas ruins. Eu acho que as pessoas associam o que é bom com underground porque boa música é infelizmente rara, e a maioria das pessoas não tem acesso. De qualquer forma, tudo isso depende do gosto e da cultura das pessoas. O que é bom para uns é tedioso para outros.
DotMag - Tivemos um período em que a música estava dominada por um techno pesado e acelerado. Em seguida houve a explosão do minimal e o techno se tornou mais leve e lento. Temos também constantes mudanças na house music. O que está acontecendo nesse momento na sua opinião?
Alexkid - Eu sinto que sempre há uma volta ao old-school, o suficiente para nos lembrar que não é necessária muita coisa para se fazer uma boa faixa. O que é algo positivo. Às vezes nós tendemos a esquecer que o groove é o ingrediente essencial da faixa. Eu não sei o que está por vir. Não tenho certeza se tenho essa visão. Mas a verdade é que, cada vez mais, tenho tocado menos faixas melódicas. Eu estou concentrado no groove. Quero tocar algo que fale diretamente com o corpo. Se a música é feita para pista de dança, ela tem que fazer você dançar, e com uma certa inteligência.
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