terça-feira, 8 de junho de 2010
Entrevista // Maurício Lopes (RJ)
Maurício Lopes é um dos pioneiros da música eletrônica no Rio de Janeiro. É conhecido por seus long-sets, que fazem uma mistura equilibrada entre as vertentes da house, techno e electro. Nessa quinta, Mau Lopes se apresentará pela primeira vez no 5uinto. Confira essa entrevista exclusiva que fizemos com ele!
Maurício, você mora e atua principalmente no Rio de Janeiro, certo? Já residiu os principais clubes da cidade e acompanhou toda a evolução da música eletrônica por aí. Hoje em dia, como anda a cena eletrônica carioca?
Acho que a cena eletrônica no Rio continua sendo essencialmente underground. Por mais que vários eventos de maior porte tenham sido realizados por aqui (desde a Bunker Rave e o Skol Beats até o Chemical Music, por exemplo) não existe investimento constante que sustente um crescimento verdadeiro dessa cena. Acho que esses eventos, por maiores e mais “grandiosos” que queiram parecer, criam só uma ilusão de que algo está realmente acontecendo, que o público está crescendo, e que a tal cultura eletrônica está se expandindo. O que acontece é que no final de semana seguinte vai estar todo mundo (que “oficialmente” gosta da música eletrônica) de volta ao mesmo circuito restrito de sempre. Porque sem a abertura de clubes novos (ou manutenção dos que já existem) e sem uma programação constante (com qualidade, é claro) voltada pra esse público a situação invariavelmente volta ao que era: festas pequenas, feitas pela “galera” que realmente gosta mas que não tem capital para investir em estrutura adequada. Infelizmente, sem investimento, anos e anos depois, fora um ou outro “verão mais animado”, a cena eletrônica carioca continua na mesma.
Você é considerado pioneiro da cena eletrônica carioca, e também do Brasil, começando sua carreira em 1992. De lá pra cá, qual momento mais marcante para você?
Engraçado como as coisas mudam. Já dei mais importância a ter tocado pra não sei quantas mil pessoas, ter tocado no evento x ou y, ter dividido a cabine com o dj fulano, ter sido residente da Oops!! por tantos anos, etc. Hoje em dia eu vejo tudo num plano mais aberto: acho que marcante é todo o conjunto de pequenos momentos que rolam durante uma festa qualquer, grande ou pequena. Marcante pode ser uma pista lotada em que rola aquela emoção coletiva ou uma pista vazia mas com meia dúzia de pessoas realmente interessadas na música que eu tô tocando.
Você é residente da festa Oops!, noite em que faz long-sets que duram, em média, 8 horas. Geralmente são sets para, em média, 500 pessoas, certo? Quais as diferenças entre um set para Oops, por exemplo, e para pistas grandes como Skol Beats, Sónar e TIM Festival – eventos que você também já tocou?
Eu sempre gostei de fazer sets longos e a Oops!! (que, pra quem não sabe, acabou agora em fevereiro desse ano) virou uma referência para esse formato (aqui no Rio, pelo menos), principalmente por ter sido uma das poucas festas a também acreditar no potencial que um set desses tem, ao contrário de um line-up com 3 ou 4 djs como é a média hoje em dia. As diferenças entre um long set num clube e um set “normal” num evento grande são muitas. Num set longo existe a possiblidade de ampliar muito o repertório e com isso criar pequenos momentos (ou pequenos sets) dentro de um só, ou criar um único set mais estendido (o que eu prefiro) em que cada momento de um set “normal” acaba durando 2 ou 3 horas. Num evento grande existe o compromisso em agradar um público muito maior e mais heterogêneo do que num clube pequeno. Levando em conta que nesses eventos os djs geralmente só tem uma hora e meia ou duas de set não rola tempo suficiente para inventar muita coisa. O resultado tem que vir de cara, logo na primeira música, o pista precisa de um retorno mais imediato. No long set não rola ansiedade. O ritmo é outro e você vai “comendo a pista pelas beiradas”. É mais gostoso. Hehehe
Você é um DJ da geração-vinil. Conte-nos como foi a mudança para a mídia digital?
Pra mim a mudança foi muito tranquila e bem gradativa. Aos poucos a resistência em tocar só com vinil foi dando espaço a tocar algumas músicas em cd (porque não tinham sido ou nem iam ser prensadas) e aos poucos esse material foi aumentando. Enquanto isso os vinis importados foram ficando caros demais e passaram a não compensar. Como eu já estava à vontade com os cdjs acabei fazendo a troca definitiva.
Para finalizar, o Brasil nos últimos anos têm recebido semanalmente várias atrações internacionais. Você acha que os DJs do Brasil, as atrações “nacionais”, perderam espaço nos clubs brasileiros?
Acho que essa questão é mais básica do que isso. Existem muitas atrações que são supervalorizadas e que poderiam ser facilmente substituídos por outras bem melhores. Independente da nacionalidade de cada um.
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Um comentário:
gente, não sabia q a oops tinha acabado em fevereiro!!! snifff.
era uma das festas q eu mais gostava no rio... é definitivo mesmo, mau?
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