quinta-feira, 27 de maio de 2010
Entrevista // Luiz Pareto (SP)
Luiz Pareto é referência no Brasil quando o assunto é house music. Prestes a completar 20 anos de carreira, Pareto se apresenta hoje no 5uinto. Confira essa entrevista exclusiva que fizemos com ele!
Você está prestes a completar 20 anos de carreira. Qual foi a melhor época para a música eletrônica na sua opinião?
Acho que cada pessoa vai ter uma opinião muito pessoal sobre isso. Cada pessoa, cada uma a seu tempo, deve ter tido seu momento preferido. Eu posso destacar uns 4 momentos assim. A minha descoberta do som eletrônico dançante na virada dos anos 80 para os anos 90, depois em meados dos anos 90 quando clubes como o Latino e Hell's faziam história no underground paulistano, o inicio dos anos 2000 quando eu fazia as festas Rebolado e já percebia a consolidação de uma cena house na cidade, e por fim a abertura do D-Edge e da noite Freak Chic em 2003.
Você residiu o Hell's Club em sua primeira fase, no Columbia. De anos pra cá, o projeto voltou a acontecer no Vegas. Como tem sido essa nova fase? Tem o mesmo gosto de antigamente?
Na verdade eu era um convidado mensal fixo. Uma vez por mês eu tocava ao lado do residente Mau Mau. Principalmente nos dois primeiros anos da festa. Às vezes eu substituía o Mau, mas foram apenas algumas vezes quando ele tinha alguma gig fora de São Paulo e não dava tempo de voltar. Era realmente uma época emocionante. O som do Hell's em sua fase no Columbia, era animado, mas ao mesmo tempo cheio de experimentações e aquilo mexia com a gente. Da nova fase no Vegas eu não tenho muito o que falar porque não sou frequentador assíduo. Mas acredito que quem está sempre lá deve dar muito valor. Pessoalmente acho que ainda prefiro a primeira fase.
Fará 7 anos em que você criou e reside a Freak Chic, no D-Edge. O que mudou de lá pra cá?
Muita coisa! O som mudou mais de uma vez. O único estilo mantido foi o house que sempre dividiu espaço com diferentes gêneros, como chicago house, funky house, electro, minimal, breaks, disco/nu-disco. Procuramos ser democráticos nos nossos sets. Nos últimos 4 a 5 anos a sonoridade disco tem ganhado cada vez mais espaço. O público da festa também mudou bastante nesses 7 anos. Foi sempre um mix de modernos, gays, heteros e playboys, mas tiveram fases distintas em que um desses grupos passou a superar os demais.
Seu grande parceiro, Marcos Morcerf, recentemente parou de tocar e abandonou a residência que tinha contigo no D-Edge. Como você lidou com essa decisão?
Pra mim foi uma total surpresa essa decisão dele, pelo menos daquele jeito. Eu estava no exterior, e quando voltei ele já tinha abandonado não só a nossa festa como também as que ele fazia com outras pessoas. Fazer o que? Tive que me adaptar a isso e pronto. Ele teve os motivos dele pra fazer isso. Ele de vez em quando já reclamava de cansaço nas viagens pra gigs fora de SP, e também andava decepcionado com a noite e as politicas. Projetos que tinha com a família dele devem ter sido o que faltava pra ele largar tudo.
Você já se apresentou em clubes, para centenas de pessoas, e em grandes festivais, para milhares. Como você define seu som para clubes? E para festivais?
Geralmente toco o mesmo som em todos os lugares, os mesmos estilos. A única diferença entre um set meu num lugar grande e num lugar pequeno, é na sequência, no ritmo, e no bpm um pouco mais alto num dancefloor maior. Pistas menores a gente pode arriscar mais também. Nas maiores o risco tem que ser menor.
Você é conhecido por mesclar vários estilos da música eletrônica em seus sets, que geralmente passam por house, tech-house, disco, acid e breaks. Como você vê os sets segmentados em somente um estilo?
Vai ser minha visão pessoal aqui de novo. Se eu toco e prefiro sets mais versáteis, com certeza os lineares vão me dispersar depois de algum tempo.
Para finalizar, fale sobre seu selo, o Rebolado. Como estão as produções? Algo em vista?
Sim! Estou preparando um álbum assinando como Coringa, meu pseudônimo para produções mais conceituais. Vai ter dois lados (se é que posso dizer assim nos dias de hoje...), um com beats mais acessíveis e outro usando batidas menos exploradas, menos populares. O espírito geral do álbum vai ser um som groove e com alma bem houseira, mas os beats nem sempre serão aqueles que uma pista house tenha muita intimidade. Em termos de single, o próximo release do Rebolado são duas faixas assinadas pelos The Uncorrectables (Os Incorrigiveis), que é uma parceria que tenho com o Victor A, dono do selo Mister Mistery e que produz faixas sozinho usando o nome Rotciv. Depois desse release essas mesmas faixas vão ser relançadas com remixes de produtores como Zopelar, Pejota, Davis, e até por mim e pelo Victor separadamente.
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